Como me tornei nutricionista

Como eu decidi me tornar nutricionista ...

Compartilho um pouco da minha história para que vocês me conheçam melhor :)

Essa é uma jornada que me gera muito entusiasmo e que de fato se consolidou na minha vida no período mais improvável e inseguro que podia imaginar, na pandemia.

Eu estava em plena busca de um propósito diferente na minha vida, sentia uma certa inquietação quando retornei para o Brasil após 07 anos vivendo na Europa, neste momento percebi que a minha atuação profissional não fazia mais sentido para mim, sentia que meu coração pedia algo a mais, eu desejava trabalhar mais próximo ainda do ser humano oferecendo algo que ele pudesse levar consigo para toda vida, que estivesse implícito nele de uma forma diferente de projetar e construir uma casa e chamar de sua (Eu projetava casas).

Eu sempre gostei muito da área da nutrição, já tinha estudado algo de dietoterapia chinesa, fiz uma formação em nutrição da medicina indiana (Ayurveda), gostava de comprar e ler muitos livros a respeito... até que a pandemia chegou e me trouxe muitos medos, incertezas e os eventos mais marcantes da minha vida, e um deles foi quando minha mãe diabética sofreu um acidente vascular cerebral e eu a vi passando mal por vídeo chamada, me senti sem chão, vivendo em outro estado com todos os impedimentos daquele momento, minha mãe internada sem poder visitar, até que cinco dias depois ela recebeu alta e aí pude ir para sua casa onde foram 42 longos dias de intenso cuidado, consultas, exames, observação de todos sinais e sintomas e um controle minucioso da alimentação e medicações... Mas não parou por aí... no meio de tudo isso, onde não entendia porque ela não estava se recuperando como eu acreditava que deveria, recebemos a notícia de um diagnóstico mais duro, doença renal crônica com uma perda importante da função renal junto de um estado de anemia profunda, o que me fez aprofundar mais em tudo que seria possível para recuperar o estado de saúde dela, foi onde descobri que a base para o tratamento dessa doença crônica (que não é reversível, apenas mantemos ela o mais estável possível para retardar mais perda de função), seria juntamente com o médico nefrologista e uma boa base de cuidado alimentar com nutricionistas especializados em nutrição renal, sim o tratamento conservador na doença renal crônica além de medicações para a doença de base e complicações é a alimentação controlada atenta à quantidade, composição e qualidade.

Assim começou nossa subida, a médica da família nos deu o primeiro diagnóstico, fomos encaminhados ao nefrologista e nutricionistas que anos depois se tornaram minhas professoras de pós graduação em nutrição renal e outros profissionais maravilhosos que não largaram a nossa mão nos períodos mais cinzas e que hoje comemoram conosco nossa vitória.

Assim depois que pude deixar minha mãe reestabelecida, voltei para casa, contei para meu marido o quão feliz e satisfeita estava que além de ter minha mãe de volta, vi que se depende-se de mim, dela e da nutrição, minha mãe teriam muitos anos de vida com qualidade e autonomia e isso deixava meu coração em paz. Se dependia de nós, não largaríamos isso no caminho jamais. Quando acabei de contar isso para meu marido, meu grande incentivador, veio a pergunta dele: 

- Por que você não entra na faculdade de nutrição, já que gosta tanto? 

Parei e vi que ali não tinham dúvidas e nada além do que um sim com a certeza de encontrei meu propósito que eu buscava nos últimos anos. Só quem vive uma certeza, não importa no quê, pode explicar esse sentimento.

Assim comecei minha transição de carreira da construção civil para a área da saúde, muita coisa mudou nas disciplinas, mas não mudou meu desejo de entregar o meu melhor para o próximo, minha dedicação aos estudos para trazer de forma segura e efetiva um estado de satisfação e contentamento para quem busca um sonho, e neste caso o sonho de recuperar sua saúde e ter uma vida melhor.

Tenho muita gratidão porque tive nessa jornada uma equipe maravilhosa de médicos Dr Adriano Luiz Ammirati , Dra Flavia Mieko Kamoda , nutricionistas Christiane Ishikawa Ramos e Renata Rodrigues Teixeira e enfermeiras que foram pacientes e empáticos me apoiando e sendo fundamentais para ajudar minha mãe a se recuperar. E isso é o que hoje coloco como ponto de motivação e objetivo nos meus atendimentos, ser o melhor de mim como esses profissionais foram conosco e nos ensinaram tanto.

Ah, para finalizar essa longa conversa... 

- Sim, minha mãe passa muito bem e hoje ela é minha paciente na nutrição!

:)